Deixou o Estoril em janeiro do ano passado para representar o Al-Ahli Jeddah, da Arábia Saudita, na altura orientado por Vítor Pereira. Uma época depois, já passou também pelos Emirados Árabes Unidos, onde vestiu a camisola do Al Ittihad Kalba e, desde janeiro, representa o Gaziantepspor, da Turquia, por empréstimo. Falamos de Luís Leal, avançado de 27 anos formado no Sporting e no Cova da Piedade, nascido e criado na Arrentela, agora um cidadão do Mundo.
«A Turquia tem sido o país mais fácil para me adaptar. Cheguei há pouco tempo mas nota-se que as pessoas têm mais liberdade e podemos andar mais à vontade. O primeiro, a Arábia Saudita, foi mesmo o mais difícil. É uma sociedade mais fechada e para um ocidental é complicado. É verdade que somos bem remunerados mas há vários factores que podem atrasar a nossa adaptação. Os costumes, o calor e a religião. Nos Emirados, é diferente. Há mais abertura, embora tenhamos sempre de manter algum cuidado, porque há coisas que são proibidas. Coisas simples como, por exemplo, beber álcool», exemplifica Luís Leal, que aponta diversas diferenças em termos culturais:
«Sobretudo na Arábia Saudita há coisas muito diferentes. As mulheres não podem andar sem a burkha, não podem andar destapadas, a religião tem um papel muito importante na vida das pessoas. Depois, em termos políticos, não há comparação possível, trata-se de uma monarquia que rege o país de uma forma um bocadinho fechada. Não há muita liberdade. Nos Emirados, como disse, é diferente, há mais liberdade e sobretudo maior influência do estilo de vida ocidental. O país aposta muito no turismo. A Turquia é diferente de tudo o resto. É uma mistura do Ocidente com o mundo muçulmano.»
Em termos desportivos, para Luís Leal a diferença é mercada, sobretudo, pelo profissionalismo.
«Nesses países um jogador pode faltar ao treino para ir ao dentista ou tratar de assuntos pessoais. Ainda existe um longo caminho a percorrer. Depois existe a questão do clima. Temos de treinar às dez da noite, porque durante o dia é impossível, por causa do calor. Não há comparação possível entre o nosso campeonato e as ligas nestes países. Na Turquia, mais uma vez, é diferente. Há profissionalismo, há dinheiro para investir em grandes craques e o campeonato é muito competitivo. Não sei se não será mais competitivo do que o nosso», assume mesmo Luís Leal, que já viveu sentimentos distintos durante estas duas temporadas:
«Na Arábia Saudita as coisas só ficaram mais fáceis quando comecei a marcar golos. E marquei muitos... depois saí, de um clube que lutava para ser campeão, e fui para os Emirados, para um que tinha acabado de subir de divisão. Mas nunca me arrependi das escolhas que fiz.»
Saudades do copo de vinho
Se em termos culturais Luís Leal já foi do oito... ao oitenta, também em termos gastronómicos o avançado tem sofrido com a falta da típica comida portuguesa.
«Se há coisa em que os portugueses são dos melhores do Mundo é na gastronomia. E passar para uma realidade em que, por exemplo, não é possível beber um copo de vinho à refeição, é um choque muito grande. É impossível, na Arábia Saudita manter uma alimentação parecida com a nossa. Nos Emirados, já é mais fácil, a oferta é muito mais variada», confessa Luís Leal, agora habitante da gigante metrópole Gaziantep, na Turquia.
«É uma cidade com mais de um milhão de habitantes. Está a pouco mais de 100 quilómetros da fronteira com a Síria e sinceramente não vejo termo de comparação com nenhuma cidade portuguesa. Só se for pelo número de habitantes que é semelhante ao de Lisboa. É uma cidade com muita história. E é uma cidade enorme e com pessoas muito apaixonadas pelo seu clube», explica Luís Leal.
A incrível força dos adeptos
Desde janeiro no Gaziantepspor, Luís Leal ainda procura o primeiro golo mas já encontrou... o carinho dos adeptos. E a paixão que faz da Liga Turca uma das mais incríveis no que às bancadas diz respeito.
«Creio que a liga turca é ainda mais competitiva do que a portuguesa. Tem equipas muito boas, como o Besiktas, o Galatasaray ou o Fenerbache e ainda o Trabzonspor. E mesmo as equipas médias tem bons jogadores, porque há dinheiro para os contratar. É um campeonato muito dificil e com os estádios sempre cheios. Os adeptos turcos vivem os seus clubes de uma forma muito intensa. É incrível!», afirma, sem hesitar, Luís Leal que, traçando uma comparação com a Liga Portuguesa, acredita que o Gaziantepspor lutaria por um lugar tranquilo na tabela do nosso campeonato:
«Talvez entre os dez primeiros, sem grandes dificuldades. O Gaziantepspor é um clube médio da Turquia, com boa organização e bons jogadores. E um público que puxa imenso pela sua equipa, com capacidade de investimento maior do que a maioria dos clubes portugueses.»
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Fonte:favoritos-free.blogspot.pt
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