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RONALDINHO GAÚCHO FAZ HOJE 40 ANOS



Por: António Simões
A mãe, Miguelina Elói Assis dos Santos, andara, fugaz, pelas ruas da cidade como vendedora de bugigangas na esperança de assim arranjar dinheiro que lhe pagasse o curso de enfermeira com que sonhava - mas os atalhos da vida não lhe permitiram que lá chegasse. João de Assis Moreira, o pai, jogara à baliza no modesto Esporte Clube Cruzeiro, trabalhava como soldador num estaleiro de Porto Alegre - e, para juntar um «pouquinho mais de dinheiro», fazia «bicos» no concerto de calhambeques e carros velhos. Era, pois, esse o seu cenário, naquele dia 21 de março de 1980 em que ele nasceu. Chamaram-lhe Ronaldo, Ronaldo de Assis Moreira (e a eternidade haveria de agarrá-la, em grande, no diminutivo dele…)


Nove anos mais velho, era o irmão Roberto, o Roberto Assis que, com Ronaldinho bebé, foi para o Grêmio de Porto Alegre (onde estava o coração de todos lá em casa). Ronaldinho cresceu com sonho de bola iluminado por Assis e não tardou a que mostrasse, deslumbrante, o destino que tinha na ponta do pé no campinho do Periquito FC (que ficava a 100 metros da sua casa afavelada).


Não, não é verdade que só não foi para o Estrela da Amadora por acharem que 200 contos era dinheiro de mais…
Andava Ronaldinho pelos 17 anos quando se criou o mito (sim, foi mesmo isso…): Roberto Assis (que saíra do Grêmio depois de ter caído ao inferno por causa de grave rotura de ligamentos que nunca mais deixou de ser a sua cruz…) já passara pelo Sporting, estava, então, no Estrela da Amadora (com Jorge Jesus).


Mandou vir o irmão de férias a Portugal - e, numa vez ou outra, levou-o a treinar à Reboleira. O que, depois, correu de boca em boca, solto da boca de José Maria Salvado, o seu presidente, foi: «O Assis dizia que o irmão era muito melhor do que ele, a hipótese de o contratarmos para o Estrela desfez-se, porém, porque o Assis queria que lhe déssemos 200 contos por mês, um andar, um automóvel - e ninguém em Portugal dava tanto por um júnior, os nossos juniores não recebiam mais de 20 contos…»


Em 2017, quando Ronaldinho já tinha ganho uma Bola de Ouro e dois FIFA World Player (e jornalista brasileiro já escrevera: «Podia ter sido Pelé, mas escolheu ser Garrincha, foi um génio imperfeito, como foram todos os outros que ousaram ser felizes e livres dentro e fora da sua ciência»), Roberto Assis afiançou-o (desfazendo de vez o que ainda era rumor: «Essa história do Ronaldinho ter estado à experiência no Estrela, isso nunca existiu, não! Nem a experiência, nem nada! É, foi saindo na imprensa, mas não é verdade, não. Aliás, nessa altura o Ronaldinho já era o craque da seleção campeã do mundo sub-17 - e, assim, não seria por 200 contos e um andar ou um automóvel até que ele iria jogar lá, na Amadora, né!»


A jogar na prisão já ganhou leitão de 16 quilos 
Não há muito tempo, reportagem no Goal desvelou-o: Ronaldinho Gaúcho possui um património estimado em 100 milhões de euros, dividido por imóveis no Brasil e fora dele e sobretudo por contas e aplicações financeiras no exterior: «Ele é o que se pode chamar de jogador ostentação. Além de colecionar carros, é dono de diversos imóveis espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Uma das casas, na Zona Sul da capital gaúcha, tem duas piscinas, duas quadras de futebol e uma boate, onde Ronaldinho leva os amigos para suas festas particulares regadas a muito samba e pagode…»


Em 2015, Ronaldo e Roberto Assis foram ambos condenados por construção ilegal de um engenho de cana de açúcar, com plataforma de pesca e atracadouro na orla do Lago Guaíba, em área de preservação ambiental - e, fugindo às notificações, fugiram ao que, com multas, juros e indemnizações, andava, três anos depois, pelos 8,5 milhões de reais. Precipitando acordo, para pagamento a prestações da dívida ao Estado, Ronaldinho escudou-se na falta de dinheiro para tal. Vistoria do Fisco às suas contas bancárias no Brasil confirmou que tinha nelas o equivalente a seis euros apenas. Isso foi, claro, considerado, em abuso, forma de «emgambelar o juiz» - e o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul determinou a apreensão dos passaportes de ambos.


Apesar de ainda ter o seu passaporte apreendido, em setembro de 2019 o Instituto Brasileiro do Turismo nomeou Ronaldinho Gaúcho Embaixador para o Turismo. Estando-se já em outubro (com Bolsonaro a presidente) recuperou o seu passaporte. Antes insinuara-se que pudesse estar envolvido em «esquema de pirâmide financeira» através da 18kRonaldinho, que criara em 2015 como «marca unissex de relógios esportivos» e operações suspeitas com a criptomoeda Bitcoin - e assim se chegou a março de 2020, 4 de março: Ronaldinho e Assis desembarcam pela manhã no aeroporto de Assunção. À noite, polícia foi de supetão no Hotel Resort Yacht y Golf Club e levaram-nos detidos, por entrarem no Paraguai com passaportes falsos. Três dias após, chegando ambos algemados ao Palácio de Justiça, a juíza Clara Ruíz Díaz, manteve-lhes prisão preventiva. Na semana seguinte, no pátio da prisão, Ronaldinho espalhou o seu génio num torneio de futsal - levando a que a sua equipa (equipa em que também estava Fernando Karjallo, dirigente do Sportivo Luqueño, preso por lavagem de dinheiro) recebesse de prémio pela vitória um leitão de 16 quilos. Recusaram-lhe passagem a prisão domiciliária através de fiança de milhão e meio de euros - e soube - se que se oferecera para ajudar na mercearia da cadeia (e que já fizera teste ao coronavírus e só comia o que amigos lhe levavam à cela por temer ser envenenado) - e a razão da sua prisão qual é, afinal?


Adolfo Marín, o advogado dos irmãos Assis, garantiu à juíza que os passaportes que o empresário Wilmondes Sousa Lira lhes dera no Brasil, os acharam «cortesia, coisa honorária» - e a VEJA revelou-o: «Os investigadores buscam informações sobre se Ronaldinho e Assis têm ou não ligação a organização criminosa estruturada para falsificar documentos e especializada na lavagem de dinheiro.» À cabeça da «quadrilha» suspeita-se que esteja Dalia López, a empresária que convidara Ronaldinho ao Paraguai para «participar em ações da sua Fraternidade Angelical» (disse ela) - e o promotor do MP insinuou-o: «Brasileiro com documentação paraguaia poderia ter a vantagem de participar de negócios em algumas empresas no país, que não seriam dadas sem a nossa cidadania…»


Percebendo que Ronaldinho vai mesmo passar o aniversário entre grades, um grupo de amigas já prometeu lá ir fazer-lhe «festa e surpresa» - «buscando até informações sobre possíveis visitas íntimas...»


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Fonte: 8ou80pt.blogspot.com / instagram.com/8ou80pt / facebook.com/8ou80pt

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